terça-feira, 23 de novembro de 2010

Canto II - Lusíadas

Canto II - Lusíadas

Estrofe 31

"Bem nos mostra a divina Providência
Destes portos a pouca segurança;
Bem claro temos visto na aparência,
Que era enganada a nossa confiança.
Mas pois saber humano nem prudência
Enganos tão fingidos não alcança,
Ó tu, Guarda Divina, tem cuidado
De quem sem ti não pode ser guardado!

resumo:
Nesta estrofe, Vasco de gama dirige-se a deus para lhe pedir ajuda porque os portos  por onde têm passado são inseguros e os humanos não conseguem sozinhos escapar ás armadilhas que são feitos contra eles.
Estrofe 32
"E se te move tanto a piedade
Desta mísera gente peregrina,
Que só por tua altíssima bondade,
Da gente a salvas pérfida e malina,
Nalgum porto seguro de verdade
Conduzir-nos já agora determina,
Ou nos amostra a terra que buscamos,
Pois só por teu serviço navegamos."
Resumo:
Vasco da gama refere que se deuses têm piedade do Povo português os ajude a afastar-se das armadilhas e a encontrarem um porto seguro onde sejam bem recebidos.
Estrofe 33
Ouviu-lhe essas palavras piedosas
A formosa Dione, e comovida,
Dentre as Ninfas se vai, que saudosas
Ficaram desta súbita partida.
Já penetra as Estrelas luminosas,
Já na terceira Esfera recebida
Avante passa, e lá no sexto Céu,
Para onde estava o Padre, se moveu.
Resumo:
Vénus ao ouvir o pedido de ajuda de Vasco da Gama dirige-se a Júpiter para o informar de que as suas decisões não estão a ser respeitadas.

Estrofe 39
"Sempre eu cuidei, ó Padre poderoso,
Que, para as cousas que eu do peito amasse,
Te achasse brando, afábil e amoroso,
Posto que a algum contrário lhe pesasse;
Mas, pois que contra mim te vejo iroso,
Sem que to merecesse, nem te errasse,
Faça-se como Baco determina;
Assentarei enfim que fui mofina.
resumo:
Vénus dirige-se Júpiter dizendo-lhe que pensava que ele a amava e no que a ela dizia respeito estivesse sempre do seu lado. Acrescenta ainda que foi infeliz quando pediu ajuda para os portugueses e que Baco tinha conseguido impor a sua vontade.
Fonte:

Mitificação do Herói - Lusíadas

Mitificação do Herói "Os Lusíadas"


N' Os Lusíadas, Camões apresenta os portugueses como fossem deuses. Isto acontece porque segundo o autor foi necessário os deuses reunirem-se no Olimpo para decidirem-se deixaram ou não que os portugueses chegassem há Índia;
Nesta reunião Vénus e Marte eram a favor dos portugueses mas Baco era contra porque tinha medo que se os portugueses lá chegassem, lhe roubassem o domínio do comércio no Oriente.
Ao colocar os deuses ao mesmo nível dos portugueses, Camões mistifica-os por fazer deles deuses.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Narração

Narração
"Os Lusiadas"

Já no largo Oceano navegavam,
As inquietas ondas apartando;
Os ventos brandamente respiravam,
Das naus as velas côncavas inchando;
Da branca escuma os mares se mostravam
Cobertos, onde as proas vão cortando
As marítimas águas consagradas,
Que do gado de Próteo são cortadas
Resumo:
Na estrofe 19, Camões refere que a armada de vasco da gama se encontrava já a meio da viagem no Oceano Ìndico. O Mar, com algumas ondas estava calmo e o vento empurava as caravelas na sua viagem acaminho da ìndia.
Apartir da estrofe 20 do canto I, camões interrompe a narração da viagem de vasco da gama para falar sobre o concilio dos deuses.Este episódio serve a camões para elogiar os portugueses.

Ao colocar os deuses a preocuparem-se com a viagem de vasco da gama , por temerem que os portugueses lhes roubem a fama no oriente , Camões eleva os portugueses ao nivel dos próprios deuses. O deus que mais temia o puder de vasco da gama era Baco/ Deus do vinho) e Vénus (deusa do amor e da beleza) estavam a favor dos portugueses.

fonte:


Dedicatória

Dedicatória
"os Lusiadas"
Vós, poderoso Rei, cujo alto Império
O Sol, logo em nascendo, vê primeiro;
Vê-o também no meio do Hemisfério,
E quando desce o deixa derradeiro;
Vós, que esperamos jugo e vitupério
Do torpe Ismaelita cavaleiro,
Do Turco oriental, e do Gentio,
Que inda bebe o licor do santo rio;

Vereis amor da pátria, não movido
De prêmio vil, mas alto e quase eterno:
Que não é prêmio vil ser conhecido
Por um pregão do ninho meu paterno.
Ouvi: vereis o nome engrandecido
Daqueles de quem sois senhor superno,
E julgareis qual é mais excelente,
Se ser do mundo Rei, se de til gente.

Ouvi, que não vereis com vãs façanhas,
Fantásticas, fingidas, mentirosas,
Louvar os vossos, como nas estranhas
Musas, de engrandecer-se desejosas:
As verdadeiras vossas são tamanhas,
Que excedem as sonhadas, fabulosas;
Que excedem Rodamonte, e o vão Rugeiro,
E Orlando, inda que fora verdadeiro

E enquanto eu estes canto, e a vós não posso,
Sublime Rei, que não me atrevo a tanto,
Tomai as rédeas vós do Reino vosso:
Dareis matéria a nunca ouvido canto.
Comecem a sentir o peso grosso
(Que pelo mundo todo faça espanto)
De exércitos e feitos singulares,
De África as terras, e do Oriente os marços

Resumo:
È a parte do poema em que Camões dedica a sua obra a D.Sebastião.
  • "Vós, pudero rei " - Vocativo
  • Recurso de estilo - Apóstrofe
  • " Cujo o alto im´pério" - Portugal
  • Com os versos 2,3 e 4, camões pretende significar que portugal é um país com muito sol em que as horas do dia são muitas.
  • Na estrofe ( , Camões dirige-se a D.Sebastião e diz-lhe que espera que ele domine os mouros que se encontram em Àfrica e na Àsia (Ìndia).
  • Na estrofe 10 , Camões promete ao rei (vereís) ver o seu patroiotismo e a sua dedicação e ainda a exaltação do povo portugu~es e que o rei pude~´a então verificar o que é melhor: Se ser senhor do mundo e senhor dos portugueses.
  • Estrofe II Camões continua a dizer do rei D.Sebastião que os feitos dos portugueses são de tal modo importantes que ultrapassam as aventuras dos herois antigos, sobretudo porque são feitos verdadeiros enquanto que os outros eram eventados.
  • Na estrofe 15, Camões dirige-se a D.Sebastião aconcrlhando-o a tornar-se um rei exemplar, porque no momento não pode escrever sobre ele por D.Sebastião não ser ainda reconhecido pelos seus feitos heroicos dado a sua pouca idade, mas prometia-lhe, no futuro contar tudo sobre a sua acção grandiosa.


Fonte:




quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Invocação

"Os lusiadas" Invocação
E vós, Tágides minhas, pois criado
Tendes em mim um novo engenho ardente,
Se sempre em verso humilde celebrado
Foi de mim vosso rio alegremente,
Dai-me agora um som alto e sublimado,
Um estilo grandíloquo e corrente,
Porque de vossas águas, Febo ordene
Que não tenham inveja às de Hipoerene.

Dai-me uma fúria grande e sonorosa,
E não de agreste avena ou frauta ruda,
Mas de tuba canora e belicosa,
Que o peito acende e a cor ao gesto muda;
Dai-me igual canto aos feitos da famosa
Gente vossa, que a Marte tanto ajuda;
Que se espalhe e se cante no universo,
Se tão sublime preço cabe em verso.



Resumo:
 " e vós, tágides minhas "
  • é o vocativo
  • recurso de estilo - apóstrofe
- Na invocação , Camões pede ajuda"dá-me" hás deusas do tejo " as tágides".
- Até aquele momento , camões tinha escrito sonetos e canções, poesía lírica, mas naquela época ele pretendía escrever uma poesía diferente- Poesía épica.
- A poesía lírica era simples, humilde e normalmente acompanhando há flauta.
- Camões queria escrever poesía ética que é um tipo de poesía mais elevada, própria para contar feitos de herois e por isso devia ser acompanhada de trompete.
- Como esta nova poesía era muito mais exigente, camões pede ajda para conseguir escreve-la.

Invocar é pedir ajuda, por isso Camões utiliza o vocativo para se dirijir hás tágides e os verbos no imperativo para pedir ajuda.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

"Os Lusíadas" - Proposição ( canto I)

" Os Lusiadas "Proposição
As armas e os barões assinalados
Que da ocidental praia Lusitana,
Por mares nunca de antes navegados,
Passaram ainda além da Taprobana,
Em perigos e guerras esforçados,
Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram
Novo Reino, que tanto sublimaram;

E também as memórias gloriosas
Daqueles Reis, que foram dilatando
A Fé, o Império, e as terras viciosas
De África e de Ásia andaram devastando;
E aqueles, que por obras valerosas
Se vão da lei da morte libertando;
Cantando espalharei por toda parte,
Se a tanto me ajudar o engenho e arte.

Cessem do sábio Grego e do Troiano
As navegações grandes que fizeram;
Cale-se de Alexandro e de Trajano
A fama das vitórias que tiveram;
Que eu canto o peito ilustre Lusitano,
A quem Neptuno e Marte obedeceram:
Cesse tudo o que a Musa antígua canta,
Que outro valor mais alto se alevanta.

Na Proposição o poeta expões aquilo de que vai falar, explica o que se propõe fazer.
O sujeito (Camões) vai espalhar (acção) por toda a parte (por onde), cantando (como), os feitos dos Homens ilustres (o quê), as memórias dos reis e todos aqueles que se imortalizaram, porque devido aos seus feitos nunca vão cair no esquecimento. O poeta faz ainda um pedido para que se pare de falar dos Gregos e das navegações de outro povos, pois este irá falar de um povo “mais alto”. Nestas estrofes destaca-se ainda, um herói colectivo – os Portugueses.
Fonte:


quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Estrutura Interna e Externa da obra "Os Lusíadas"

A obra divide-se em dez partes, às quais se chama cantos. Cada canto tem um número variável de estrofes (em média de 110). O canto mais longo é o X, com 156 estrofes.
As estrofes são oitavas, portanto constituídas por oito versos. Cada verso é constituído por dez sílabas métricas; nas sua maioria, os versos são heróicos (acentuados nas sextas e décimas sílabas).
O esquema rimático é o mesmo em todas as estrofes da obra, sendo portanto, rima cruzada nos seis primeiros versos e emparelhada nos dois últimos (AB-AB-AB-CC).
A estrutura Interna:

Os Lusíadas constroem-se pela sucessão de quatro fontes:
· Proposição – parte introdutória, na qual o poeta anuncia o que vai cantar (Canto I, estrofes 1-3)
· Invocação – pedido de ajuda as divindades inspiradores (A principal invocação é feita as Tágides, no canto I, estrofes 4 e 5, ás Ninfas do Tejo e do Mondego, no canto VII 78-82 e, finalmente, a Calíope, no Canto X, estrofe 8)
· Dedicatória – oferecimento do poema a uma personalidade importante. (Esta parte, facultaria, pode ter origem nas Geórgicas de Virgilio ou nos Fastos de Ovídio; não existe em nenhuma das epopeias da Antiguidade)
· Narração – parte que constitui o corpo da epopeia; a narrativa das acções levadas a cabo pelo protagonista. (Começando no Canto I, estrofe 19, só termina no Canto X, estrofe 144, apresentando apenas pequenas interrupções pontuais).
Fonte:

Dados biográficos de Camões

1524 ou 1525: nascimento de Luís Vaz de Camões, talvez em Lisboa. 
1548: Desterro no Ribatejo; alista-se no Ultramar. 
 1549: Embarca para Ceuta; perde o olho direito numa escaramuça contra os Mouros.
 1551: Regressa a Lisboa. 
 1552: Numa briga, fere um funcionário da Cavalariça Real e é preso. 
 1553: É libertado; embarca para o Oriente. 
 1554: Parte de Goa em perseguição a navios mercantes mouros, sob o comando de Fernando de Meneses.
1556: É nomeado provedor-mor em Macau; naufraga nas Costas do Camboja. 
 1562: É preso por dívidas não pagas; é libertado pelo vice-rei Conde de Redondo e distinguido seu protegido.
1567: Segue para Moçambique.
1570: Regressa a Lisboa na nau Santa Clara.
 1572: Sai a primeira edição d’Os Lusíadas.
 1579 ou 1580: Morre de peste, em Lisboa.